quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Lunar - Capítulo 12

Belita
"Subir muito rápido, vertiginosamente rápido, pode causar ânsia, mal estar, tontura sensações extremamente desconfortáveis. Mas estar por cima é tão inebriantemente bom, que faz esquecer o mal estar da subida; e as vezes até quem éramos..."

Diva acordou sentindo-se poderosa.
As buscas tinham sido encerradas, como ela determinara.
Com isso o Conselho Diretor da Domex Co,  teve que reconhece-la como principal herdeira da fortuna de Thomas e como presidente do grupo, como determina o estatuto.
Apesar de não ser apegada a valores materiais,  ter tanto poder em menos de um mês,  a deixou em êxtase.
- Não se esqueça de sua origem!  - Disse-lhe Carlos durante o café da manhã, que apesar da resistência de Manuel, Diva fez tornar-se hábito.
Ele se tornou um grande amigo dela, um conselheiro ; que de certa forma se contrapunha ao tutor Manuel;  e ela gostava disso.
- É uma luta interior!  Mas tenho me esforçado! - Respondeu faceira, como só se mostrava para Carlos. - Quero que você vá a minha posse!
- Não posso. Estou investigando um acidente onde a sua empresa é a principal envolvida.
- Que tem a ver!? Somos amigos!
- Meu relatório cita a Domex várias vezes e Thomas Gringh outras tantas. Talvez não sejamos tão amigos depois que você sucede - lo.
- Conflito de interesses! Parece que vou ter que lidar com muitos. - Suspirou tristonha - Mas faço questão de sua presença na comemoração!
Carlos sorriu, constatando que ela tinha muito a aprender.
Obter conhecimento não era difícil no século corrente.
Diva acumulou conhecimento rapidamente sobre o mundo dos negócios. 
Mas como sempre na vida experiência só vem com tempo.
Deus perdoa o tempo da inocência, os executivos não.
Esta preocupação estava implícita no sorriso de Carlos.

Diva reservou a manhã para se produzir para pose.
A primeira vez que entrou na Domex optou por discrição e simplicidade; agora era hora de brilhar; e internamente formulou vários estilos de roupa.
Carlos foi para o setor de Cláudio concluir suas investigações e relatórios. Mais dois dias estaria de volta à Terra. Por algum motivo não contou a Diva.

Logo depois do meio do dia foi dado início a cerimônia de posse de Diva como nova presidente do conglomerado Domex.
Ela chegou deslumbrantemente elegante,  em um lindo traje social, com muita referência a vestimenta masculina, mas extremamente feminina.
A sala de reunião foi preparada de forma que ela passasse no meio, quase uma passarela rodeada pelas mesas de reunião.
No final do corredor ficava o palco onde seria realizado a cerimônia de posse.
Manuel fez um discurso em homenagem a Thomas Gringh.
O vice presidente fez um discurso reclamando seu direito de assumir a presidência.
Diva subiu ao palco.
Recebeu de Manuel, simbolicamente,  a posse da Presidência.
Eu se discurso agradeceu a Deus ter conhecido Thomas Gringh, lamentou não ter convivido mais com ele. E reconhece não ser a pessoa mais preparada para assumir a presidência da Domex Co.
Enfim Manuel esboçou um sorriso, certo de que seria indicado presidente.
- Sou jovem, sei bem disso. - prosseguiu Diva - Por isso não posso fugir desse desafio, exercerei a presidência da Domex com a humildade de quem tem muito a aprender; mas com a coragem de quem não tem medo de aprender!
A platéia de vice presidentes, diretores e acionista, entre outros convidados emudeceu.
Dito isto, Diva agradeceu a presença de todos e saiu.



segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Lunar - Capitulo 11

 Lunar - Capitulo 11

Belita
"A gente não se dá conta que cresceu, até que tem que tomar uma decisão sozinha.
Por mais que se possa ouvir um conselho daqui, uma opinião dali, um pitaco dilá;
quem tem que resolver a questão é você!"

Decidida
Diva chegou à sede da Domex decidida a resolver a questão da busca a Thomas Gringh.
- Manuel não há mais porque investir recursos nessa busca! Todas as informações que temos, nos leva a conclusão que não há como alguém sobreviver com vida de um acidente como esse!
- Diva, ainda temos um vasto perímetro a ser alcançado e os recursos que alocamos são suficiente.
- Manuel é uma questão de amor e respeito! E também de lógica!  Todos os especialistas são unânimes em avaliar a impossibilidade de alguém sobreviver a um acidente daquela dimensão com vida.
- Eu tenho esperança de encontrá-lo com vida.
- Você está iludido com um perfil de rede social! Pare com essa bobagem. Deixe Thomas descansar em paz!
- Você está embarcando na conversa do investigador.
Diva preferiu não retrucar Manuel. Mas seguiu decidida.
- Eu como esposa reconheço a impossibilidade de encontrá-lo vivo, ou mesmo ou restos mortais. Como presidente da Domex ordeno encerrar as buscas! É isso!  Cumpra-se!

Manuel não acreditava no que ouvira.
Recolhe-se à sua sala, anexo ao escritório de Thomas Gringh, que agora Diva ocupava.
Não demorou,  Thomas Gringh surge em sua tela.
- Vencido por uma menina!
- Pois é!  Aprendeu rápido.
- O poder faz isso Manuel. Eu até tenho como neutralizar o ímpeto autoritário dela. Mas hei de convir que ela tem me impressionado com seu comportamento.  Ela parece ser uma líder nata.
- Ela está se unindo ao Carlos Santos, o investigador do acidente com a Zumbi.
- Ela está o tratando bem, estabelecendo uma amizade. Pode ser útil em algum momento.  Obedeça a ordem dela. Não precisamos de recursos da Domex para manter as buscas.
- Como vou pagar a equipe busca?
- Eu proverei os recursos.  Deixe Diva pensar que manda!
- Ao cancelar oficialmente a busca, também estamos reconhecendo seu desaparecimento. E todos os trâmites legais serão tomado para sua sucessão.
- Depois de 30 dias é humanamente impossível alguém sobreviver a um acidente como o da Zumbi. E agora temos uma sucessora a altura da Domex!

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Lunar - Capítulo 10

 Lunar - Capítulo 10

Belita
"As paixões são despertadas por sublimes atitudes, as vezes quase imperceptível.
É como uma onda do mar, que vem chegando mansamente, e quando menos se espera te derruba no solo, te cobre refrescantemente, proporciona uma terrível sensação de instabilidade; mas logo em seguida você quer mais!"


Encantadora
- Bom dia detetive Carlos!
Foi uma agradável surpresa para Carlos receber uma mensagem de Diva logo cedo.
- Bom dia Diva! Mas não sou detetive, estou investigador.
- Não se preocupe em explicar-se. É só  uma provocação matinal.
Carlos sorriu.
- Está no hotel?  Perguntou Diva.
- Sim, descendo para o café da manhã.
- O apartamento em que estou é perto do hotel,  se importa de tomar café comigo?
- Será uma honra.

Diva entrou no restaurante do hotel lindamente trajando vestuário executivo.
Carlos a esperava na entrada,  e admirou; e ela caminhando a seu encontro; e ele a admirando... E ela caminhando.
- Olá demorei? Perguntou Diva a um Carlos hipnotizado.
De tão perto que ela chegou, ele sentiu seu hálito sabor menta.
- Não.  Demorou nada!

Serviram-se.
- Creio que tenha estranhado meu convite. - Disse Diva enquanto mexia o café com leite.
- Não chega a ser um estranhamento. Considerando que só nos encontramos em situações conflituosas, avaliei que não causara boa impressão.
- Um homem que coloca o trabalho acima da companhia do presidente em um coquetel,  e desafia o principal patrocinador do projeto em que trabalha, não tem como não causar boa impressão. Sem falar que é o único rosto conhecido, lógico depois de Manuel, que tenho neste lugar e que me lembra a Terra.
- Voce acompanhou tudo?
- Andei estudando. Acha-se tudo na rede.
- Não avaliei a repercussão.
- É um assunto muito procurado.
- Sabe que como bom investigador não perco a chance de perguntar.
- Com certeza! - Disse Diva sorrindo.
- O que sabe sobre as buscas a Thomas Gringh?
- Eu mesma dei a idéia,  que virou ordem através de Manuel.
- Suspeito que tenha vindo do próprio Thomas. Minhas ferramentas de análise de tráfego na rede detectou grande atividade entre o perfil de Manuel e Thomas.
- Nossa! Não sei se fico pasma pelo recurso que você usou, ou se pelo resultado. Que isso significa?
- Que de alguma forma Thomas Gringh mantém contato com Manuel.
- Depois de morto!?
- Ou desaparecido.
- Na realidade quem me convenceu da busca particular foi Manuel.
- Fique atenta. Talvez você esteja sendo monitorada.
- Não estamos todos?
- De um modo geral sim. - Disse Carlos sorrindo - Mas talvez você esteja sendo monitorada de modo especial.
Neste momento Carlos ver Manuel entrar no restaurante.
- Me passa seu contato o mais rápido possível. Manuel está te procurando.
Ela enviou o contato pela rede.
- Diva! Procurei você por todo condomínio. Precisamos ir.
- Não tenho compromisso agendado para esta manhã.
- Assunto urgente.  Vamos!
- Espere a moça terminar o café.  disse carlos.
- Sente Manuel!  Disse Diva.
- Estou bem em pé.
Manuel ficou por perto, rodeando a mesa.
Carlos colocou Diva em sua rede privada de conversação e ficar a trocar mensagens engraçadas e Diva ria, para seduzir Carlos e irritar Manuel.

Do hotel Carlos foi para Centro de Manutenção dos Recursos Vitais, setor onde Cláudio trabalhava.
O relatório do incidente com a cúpula de LunarBr, oficialmente Vera Cruz, envolvendo destroços da nave Zumbi é fundamental para o esclarecimento do acidente.
As partes que foram recolhidas também são excelentes subsídio para investigação.
Cláudio o recebeu no setor e o levou para sala de reunião.
- Bom dia a todos! - Disse Cláudio.  - Hoje vamos apresentar o relatório de acidente, danos e providências com as partes da nave Zumbi. O relatório não é conclusivo,  na verdade estamos coloborando com o CENIPA, aqui reprensentado pelo engenheiro Carlos Santos.
Daí em diante cada participante da operação relatou as ocorrências atendidas.

Pouco antes da hora do almoço Carlos recebeu uma mensagem de Diva.
"Venha almoçar comigo! Segue endereço do restaurante. "
Carlos esboçou um sorriso faceiro.

Carlos saiu com um vasto material para analisar.  E apressado para encontrar Diva.
Encontraram-se na entrada do restaurante.
- Parece que você gosta de viver perigosamente. - Disse Carlos.
- Tentar me controlar é um árduo trabalho,  se Manuel insistir nisso vai ficar louco!
- Eu estou convencido que Thomas Gringh controla Manuel, e Manuel controla você a mando dele. - Disse Carlos enquanto caminhavam para mesa.
- Depois que eles conseguiram uma apresentação tátil de Malok na Estação Internacional não duvido de mais nada.
- Essa é uma informação interessante.
- Para você tudo é informação?  - Perguntou Diva levemente incomodada.
- Desculpe, força do hábito.  - Desculpou-se enquanto sentavam à mesa.
- Depois do que falou sobre as busca a Thomas, resolvi me inteirar do assunto. Já tivemos três tentativas de encerrar as buscas,  considerando a gravidade do acidente e as circunstâncias. Todas as vezes Manuel insistiu em continuar e aumentou a verba.
- Parece que tomou gosto por investigação.
- Me deixam se atividade com um super computador e permissão de acesso a várias informações, eu aproveito.
- Poderia me aproveitar desta sua condição?
- Pode aproveitar. - Disse ela com um sorriso maroto.
- Oportunamente. - Respondeu sorrindo - Hoje a tarde vou acompanhar a substituição das placas do Domex que os destroços da Zumbi danificou.
- Nossa! Até que enfim!  Aquele X me incomodou desde o dia que vi.
- Alguns maldosos dizem que é um T.
- Sei desses rumores maldosos. Respondeu carrancuda.

Carlos acompanhou o trabalho de Cláudio e sua equipe na recuperação do Domex. Coletou muitos dados e muita informação.
Compilar todos os dados será tarefa dos computadores.
Mas como entender o interesse de Diva por sua companhia, como não se confundir com essas informações.
Carlos chegou no hotel.
Abasteceu o computador com os dados que coletou.
Sentou-se no sofá do lado de Belita.
- É companheira, fortes emoções!  - Disse suspirando.
Segundos depois recebe uma chamada.
Correu para atender.
Era Yolanda, sua esposa.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Lunar - Capítulo 9

 Lunar - Capítulo9

Belita
"Das conversas mais despretensiosas pode-se tirar grandes conclusões. Basta está atento! E não desperdiçar a sorte!"


Intransigência


Manuel entrou em sua sala, na verdade a sala de Thomas Gringh; Carlos o acompanhou.
Caminhando para mesa; disse Manuel.
- Nem vou convida-lo a sentar-se. Nossa conversa é curta!
- Avalio que sim. Mas não asseguro.
- Eu não sou obrigado a contar-lhe coisa alguma.
- Não disse que era.
- Então dou por encerrado. Passar bem.
- Não  fiz a pergunta ainda. Você não é obrigado a responder,  mas eu sou obrigado a perguntar.
- Pergunte então.
- Por que contruíram o bunker?
- Não vou responder.
- Para que contribuíram o bunker?
- Sem resposta.
- Como anexaram as instalações,  elétrica,  hidráulica,  dados etc; aos sistemas da Nave Zumbi.
- Longa pergunta. Curta resposta. Sem resposta.
- Muito obrigado!  Você foi muito útil.
- Não seja boçal.  Não respondi nada.
- Mas também não disse que não sabia. Passar bem.
Carlos virou-se sentido a porta de saída.
Manuel pensou indignado.
"Agora entendo porque o chefe o odeia."

Carlos voltou para o hotel.
Belita o aguardava no sofá da sala.
Ao entrar Carlos foi para o quarto, Belita o seguiu.
Ele fez-lhe um afago na cabeça.
Tirou seu TelCom do bolso, conectou-o a coleira de Belita, onde faz o backup das informações que coleta.
- Temos muitas informações a tirar de poucos dados.
Comentou Carlos para Belita.



Memórias

Mais tarde Carlos foi a casa de Cláudio.
- Como foi seu dia Carlos?
- Pouco produtivo. Quem quer falar sabe pouco,  quem sabe não quer falar!
- Deram alguma informação das buscas por Thomas Gringh?
- Eu me detive a assuntos relacionado ao acidente com a nave.
- Desconfio que as buscas a Thomas Gringh está diretamente ligada a causa do acidente. E sou capaz de afirmar que por algum motivo, tenham esperança de encontra-lo com vida.
- Não tinha contemplado esta linha de raciocínio. Isto explica a fidelidade de Manuel e sua extrema cautela. Ao contrário de Diva,  que não demonstrou nenhum apego,  nem a memória,  entre aspa, muito menos a seu possível ressurgimento.
- As pessoas Carlos são de infinita possibilidades. E quando tem acesso a mais alta tecnologia,  tornam-se imponderáveis!
- Tinha me esquecido do quanto você é sábio!
Gargalaram.

Logo depois chegaram a esposa e a filha de Claudio.
Durante o jantar conversaram sobre os velhos tempos, lembranças de festas,  reuniões de família,  velórios..
Também falaram dos dias que viviam e dos projetos para o futuro.

Carlos voltou para o hotel.  Ao entrar no quarto deparasse com a Belita diante a tela de mídia olhando o perfil de Thomas Gringh em uma rede social.
- Belita! Até você? - Disse em tom de brincadeira com a gata.
Ao prestar mais atenção na página, percebeu que houve interação com outros usuários. Isto não é de tudo incomum.
Muitas pessoas utilizam o perfil de mortos para deixar uma mensagem,  se despedir... Deixar um testemunho!
Carlos considerou interessante ler o que estavam postando.
Mas não conseguia rolar a tela, nem com, nem com teclado nem com o toque. Então se deu conta que o dispositivo que anexa a coleira de Belita que estava acessando o perfil de Thomas Gringh e se está fazendo esta análise é porque achou evidências relevantes.
Carlos deixou o dispositivo trabalhar e acessou por outro aparelho,  afinal curiar perfil alheio é uma atividade muito interessante.
Não demorou muito para Carlos verificar que havia mais que condolências. A maioria de certa feita comemoraravam o fim dele. Natural quando se tem um império tão vasto.
Manuel se desdobrava tentando defender a memoria do chefe. De Diva apenas uma frase: 'Do pouco tempo que convivemos me deu muitas provas de seu amor; e me fez muito feliz!'.
Recebeu centenas de comentários em sua postagem, mas não respondeu.

Quando o dispositivo concluiu sua análise.
- Bingo! - Disse Carlos.
Ficou evidente uma grande interatividade entre o perfil de Thomas Gringh e Manuel em duplo sentido. Ou seja o morto estava interagindo com o vivo.

domingo, 31 de julho de 2016

Lunar - Capítulo 8

Lunar - Capítulo 8

Belita

"Muitas vezes não nos damos conta do quanto estamos sendo oprimido, até que alguém alheio a nossa realidade, se indigne por nós."

Estranho

Claudio foi receber Carlos no Centro de Pousos e Decolagem de Lunar.
- Como foi o vôo?
- Tranquilo.  Mas dolorido!
- Como assim?! Dolorido?
- Doeu no coração viajar em uma nave argentina.
- Há há há ha! Você é um piadista.
- Não faz idéia de quanto os argentinos são,  considerando as circunstâncias da viagem,  mas ainda!
- Além de você tem mais coisa que me interessa nesta viagem,  o material para reparar o estrago que sua nave fez na minha cúpula.
- Você está bem animado para quem tem tanto trabalho pela frente.
- Sintomático,  a medida que aproxima a aposentadoria, a gente quer realizar mais coisas.
- Já te falei que tem muita coisa a ser feita na Terra, e sua experiência é fundamental.
- Quem sabe. É uma opção!  Vamos para casa?
- Tenho que ir direto para o hotel. Começo a trabalhar já.  Ainda hoje converso com Diva.
- A toda poderosa! ? Conseguiu agenda com ela?
- Pois é.  O Presidente ajudou.
- Este gato?
- É gata!
- Por que trouxe?
- É minha mascote, como vou ficar muito tempo fora de casa, trouxe para me fazer companhia.
- Não acredito!
- Me disseram o mesmo na alfandega.
- Há há há há!  Você ficou mais estranho do que eu lembrava.
Carlos sorriu timidamente.

Carlos chegou a Domex no horário agendado.
Ao contrário dos políticos,  Diva não o fez esperar.
A imensa sala da Presidência chegaria a constrangir, não fosse a simpática recepção de Diva, que foi encontra-lo à pprta.
- Bom dia Dr Carlos!
- Bom dia Dona Diva. Mas eu não sou doutor, sou engenheiro,  tenho algumas especializações,  mas não o doutorado.
Disse enquanto caminhavam.
- Compreendo,  eu também não sou dona, então me chame só de Diva.
- Me chame só de Carlos então.
- Combinado.
Diva sentou-se à mesa e indicou um cadeira pa Carlos.
- Sua vida mudou muito e muito rápido!  - Comentou Carlos.
- Para mim,  estou apenas guardando o lugar para alguém.  Não me vejo fazendo parte de tudo isso!
Manuel entrou esbaforido na sala.
- Desculpem o atraso.  Geralmente todo mundo atrasa um pouco.
Disse enquanto puxava a outra cadeira para sentar-se.
- Esta fase da investigação preza o sigilo. - Comentou Carlos - Se não concordar com a presença de seu secretário posso invocar esse seu direito!
- Manuel é meu tutor,  faço coisa alguma sem ele.
- Certo. - Assentiu Carlos - Basicamente,  minha pergunta para você Diva é simples: A idéia de lançar a garrafa de champanhe contra a Zumbi, foi sua?
- Quero lembrar que ela só responde se quiser!  - Disse Manuel antes que Diva esboçasse qualquer resposta.
- Se não quisesse responder não o teria recebido.  - Respondeu Diva a Manuel. - Não,  a idéia não foi minha! Na verdade não entendi a fixação de Thom por este rito.
- Ele comentou com você alguma coisa que lhe desse uma pista.
- Eu imagino que ele se sentisse dono da nave, e como dono tinha o direito de inaugurar como bem entendesse.
- Mas ele não era o dono.
- Era apenas o homem que pagou mas da metade do custo da construção da nave.
- Apesar de não vir ao caso, não houve investimento de pessoa física,  apenas pessoa jurídica. O conglomerado Domex que investiu.
- A Domex é Thomas e vice-versa!
- Entraremos nesta questão em breve!



quinta-feira, 30 de junho de 2016

Lunar - Capítulo 7

Lunar - Capítulo 7

Belita
"Quanto de matéria contém o espírito,  quanto de espírito contém a matéria. São complementares,  suplementares,  não se misturam?  ..."

Suntuosidade

Todos cremos em coisas que não vemos.
Nós não vemos ar.
Não vemos a gravidade.
Não vemos campo magnético.
Não vemos campo eletromagnético.
Mas confiamos e interagimos com estas formas de energia.
Mas muitos resistem a crer em Deus, porque não o vêm!  Mesmo os que pela fé,  interagem com Ele; vez ou outra titubeiam!
No entanto,  mesmo os mais crédulos, não admitem a materialidade das entidades espirituais.
Por que não! ?
Se o ar é matéria.
A gravidade é matéria!
O campo magnético é matéria!
O campo eletromagnético é matéria!
A luz é matéria!
Se você não subestima a força da matéria em sua vida, pois as ver.
Se você não ignora a força das energias que não pode ver e as aceita porque sente a sua ação em sua vida.
Não despreze o poder da matéria,  que você não ver. Só porque tem dificuldade de interagir com ela.
A limitação é sua!

Carlos Santos recebeu a missão de investigar o acidente com a Zumbi.
Abdam Malok esteve virtualmente na Estação antes do acidente.
Abdam é um homem envolto numa mística atmosfera,  por mais que propague a doutrina Materialismo Transcendental, a sua fama de guru espiritual transbordava além do limite de sua própria doutrina.
Carlos poderia assistir a ministração de Malok em qualquer uma das muitas midias em que ele vinculava suas mensagens. Mas Carlos precisava falar pessoalmente com Malok.
O templo lotado dava a dimensão do crescimento do Materialismo Transcendental. Os paradoxos confusos da doutrina paradoxalmente atraía cada vez mais seguidores.

Abdam Malok recebeu Carlos em seu escritório suntuoso instalado no gigantesco tempo localizado na cidade de São Paulo.
- Sr Carlos Santos. Eu que posso ajudá-lo.
- Sr Abdam Malok,  posso referir-me desta forma a sua pessoa?
- Pronome de tratamento não me impressiona,  nem incomoda. Trate-me como entender que mereço.
- Combinado.
- Sei que está investigando o acidente com a Zumbi.  Não sei como poderia ajudá-lo, não estive na nave!
- Eu estou investigando os aspectos técnicos do acidente. Sei que fez o casamento de Diva com Thomas Gringh através de uma simulação presencial tátil.
- O senhor já sabe mais do que eu. Colocaram-me em uma cabine, ligaram várias telas e eu comecei a interagir com as pessoas na Estação.
- A gente nunca sabe qual detalhe vai fazer diferença.

Carlos seguirá para Lunar nos próximos dias, e precisava colher o máximo de informação que puder enquanto está em terra.
Abdam Malok tecnicamente falando foi superficial, mas Carlos identificou várias quebras de protocolos e procedimentos técnicos obrigatórios durante a parada na Estação,  para viabilizar a cerimônia e a festa.

Carlos voltou para o escritório da Agência Espacial em Brasília,  que cedera uma sala para ele trabalhar.

Poder
No dia seguinte Carlos foi ao Palácio do Planalto.
O Presidente voltara há 3 dias, ele e dois de seus ministros sobreviveram ao acidente.
A espera foi longa, apesar de ter agendado a reunião.
- Entre Carlos! Desculpe fazê-lo esperar.  Tem muitos assuntos pendentes.
- Imagino. Como sabe estou investigando o acidente com a Zumbi,  do ponto de vista técnico.
- Sei. Eu mesmo o indiquei!
- Que tem a dizer-me sobre o acidente.
- Foi tudo muito rápido!  Não fosse o bunker de Thomas Gringh,  estaríamos mortos.
- Bunker?
- Sim. Havia um bunker na cabine de Thomas Gringh.
- O projeto original não contemplava este tipo de estrutura.
- Pensei que soubesse. Você foi gerente do projeto!
- Certamente foi feito a revelia,  durante a fase de decoração que ficou sob a responsabilidade do proprietário da cabine.
Carlos percebeu que a investigação seria mais difícil que imaginara. Apesar de ter cumprido o projeto a risca, o dinheiro de Thomas Gringh comprou alterações no projeto relevantes.
A conversa com os 2 ministros que também sobrevivera, acrescentou nada a investigação;  pelo menos no primeiro momento.
Mas aumentou suas horas de banco em salas de espera em 3 horas.
Mas não foi perdido.
Os corredores ministeriais falam muito.












terça-feira, 31 de maio de 2016

Lunar - Capitulo 6

Lunar Capítulo 6
 
Belita
"Quando tudo fica muito confuso, a melhor atitude a tomar é ficar quieto!"
 

O escritório central da Domex ficava na região central de Lunar.
Manuel acompanhou Diva em seu primeiro dia como proprietária do conglomerado mais poderoso do eixo Terra-Lua.
Diva não fazia idéia. 
Acostumada com o assédio de fãs,  se viu diante de um assédio protocolar e na maioria das vezes frio, distante; apesar de sempre muito respeitoso. 
Entraram na sala de reunião. 
Todos os presentes se levantaram. 
Homens e mulheres em trajes executivos.
Diva trajava vestes juvenil.  
Mas aconselhada por Manuel preservou o decoro.
- Estou mais chocada que vocês!  Disse após os cumprimentos e apresentações habituais.  - Quando embarquei a caminho de Lunar, meus objetivo era fazer um show com a Banda na qual trabalhava e voltar para Terra com este registro no currículo e boas lembranças. 
Mas, como todos sabem, não foi assim que aconteceu.
Legalmente,  estou no comando interinamente;  enquanto o corpo de Thomas, e dos demais, não forem localizados, são considerados desaparecidos.
- Ou se expirar o prazo de busca para constatar a impossibilidade de resgatar os corpos. - Completou Manuel. 
- Alguém ainda tem esperança de localizar corpos? - Perguntou o vice - presidente executivo. - A nave explodiu no espaço,  se despedaçou! 
- Eu! Eu tenho! - Disse Diva resoluta.

Foram tratados outros assuntos.
Diva deixou claro que não tinha expertise nem interesse para propor qualquer ação; e nomeou Manuel seu procurador. 
Ela voltou para o apartamento de propriedade de Thomas Gringh, agora também seu.
Manuel foi para o escritório de Thomas Gringh.  Não ousou ocupar a mesa do chefe; foi para sua sala que fica dentro do escritório de Thomas Gringh. 
Logo recebeu uma ligação do vice - presidente executivo. 
- Parabéns Manuel! Conseguiu assumir o comando de todo conglomerado.
- Circunstancialmente. Mas compreendo sua indignação. 
- Questão de tempo. Questão de tempo!

- Precisamos encontrar logo seu corpo chefe! 
Disse Manuel para  o perfil neural de Thomas Gringh. 
- Precisamos encontrar qualquer corpo em bom estado. Fazer uma boa plástica e implantar minha consciência virtual.
Respondeu o perfil neural de Thomas Gringh a Manuel. 
- Chefe?! - Exclamou atônito Manuel. 
- Claro! Estou esperando há dias você acessar meu perfil!  O que esteve fazendo?
- Até que data tem registros?
- 6 dias atrás. 
- Qual último registro? 
- A confusão na Zumbi após as explosões e a luta para entrar no bunker.
- Depois mais nenhum registro?
- Por mim mesmo inputado não. Eu havia implantado o registro em real time a poucos dias. Acompanhei o noticiário pela net. Já conclui que devo está morto, ou desacordado em algum hospital.  Não tenho registro de ter acionado o traje de sobrevivência. 
Pode ser que não tenha acionado mesmo, ou sofreu alguma pane.
- Chefe, não sei quem tem mais novidades para contar. - Ponderou Manuel.
- Vou querer saber tudo! 
- As equipes de resgate estão vasculhando toda a região do acidente.  Localizaram muitos destroços e partes de corpos,  todos foram identificados por DNA. Mas nada do seu.
- Não podemos contar com as autoridades.  Muita gente me quer morto, outros preferem desaparecido.
- O Presidente tem se empenhado pessoalmente. Diz que deve-lhe muito, inclusive a vida.
- Cuidado redobrado!  Quem muito deve muito ganha com meu sumiço! - Deu uma pausa longa - Estou preocupado com Diva, ficou muita responsabilidade em suas mãos...
- Estou assessorando-a em tudo. 
- Como reagiu? 
- Está muito triste.  Mas se deu bem na reunião com a diretoria executiva. 
- Como assim!  
- O Estatuto diz que na vacância da Presidência do Conselho Diretor Executivo,  o herdeiro do maior acionista assume.
- Passaram quantos dias?
- Sete. Hoje é o sétimo dia. Ela se saiu muito bem,  demonstrou capacidade de liderança e objetividade. 
- Tomou alguma ação importante? 
- Me nomeou seu procurador. 
- O que?
- Por tempo determinado.  Apenas enquanto não se resolve sua situação civil. 
- Dos males o menor, confio em você. 
Manuel sorriu aliviado. 
- Vou disponilizar meus registros do meu perfil neural para consulta. Assim não preciso ficar narrando e ganhamos tempo.
- Faça melhor, me libere os registros real time, afinal você está tomando conta de tudo que é meu.  Melhor eu ficar de olho! 

Triste. Talvez não seja esse o sentimento. 
Diva, envolta de um turbilhão de acontecimentos,  estava mais para confusa do que para triste. 
Sentia falta de um colo, um abraço acolhedor.
Seu pai foi compreensivo e acolhedor. 
Sua mãe foi dura e acusadora. 
O excesso de condolências e manifestações de pesar que recebia por notificações de desconhecidos em seu comunicador a irritava.
As buscas por restos mortais se encerraram , era o que dizia os noticiários, e ela sabia que este seria o começo de uma fase em sua vida para qual não se  preparara.
Ela não tinha tempo para chorar por seus amigos mortos, muito menos por seu falecido marido,  que mal conhecera.
A mídia trazia muita informação,  comentários, análises, previsões etc; de como ficaria o conglomerado empresarial após seu falecimento. 
Os comentários maldosos a respeito da jovem dançarina que poderia ficar a frente dos negócios a irritavam, machucava mais que as perdas dos amigos e marido.
Mas não deixava de ser uma fonte de conhecimento,  que de outro modo ela levaria meses para absorver. 
Por isso passou todo dia assistindo programas de TV. Foi anotando o nome dos comentaristas mais coerentes.
Depois ficou a noite a dentro vendo vídeos nos serviços de streaming. 
Ela não iria conseguir dormir mesmo.

- Bom dia Diva!
Manuel ligou logo cedo. 
- Bom dia Manuel!  - Respondeu ela sonolenta - Soube que encerraram as buscas.
- Verdade.  Mas vou contratar uma equipe de busca particular. Tenho forte convicção de que não foram feito todos os esforços. 
- Pensei nisso. Pelo que acompanhei nos noticiários,  cumpriram os protocolos de busca e devido a magnitude da explosão chegaram a conclusão que nao só não há sobreviventes, como também não há como resgatar corpos.
- Surpreendente!  Não esperava que estivesse tão bem informada. 
Diva sorriu timidamente. 
Ela mesma não se reconhecia.
Nunca tinha assistido a tanto noticiário ininterruptamente. 
- Temos mais uma questão.  Carlos Santos, do Centro Aeroespacial,  virá pessoalmente acompanhar as investigações do acidente. 
- Devemos lhe explicações... Explodimos a nave dele.
- Convém não falar isso nem de brincadeira. Até porque a nave não era dele e nós não a explodimos.
- Foi uma ironia Manuel. O excesso de zelo dele, fazia parecer que era dele. E obviamente não a explodimos.
- Neste ramo que estamos,  as palavras são armas! Devemos usar sempre com moderação. 
- Entendi.